Concurso SENAC - Salvador, BA
Arquitetura: Caio Guaraná, João Pedro Pina, Larissa Monteiro, Miguel Angel Carrasco
Visualização: MINO WORKS
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23/ RJ
Como ocupar um terreno sufocado entre profusão de velocidade de uma avenida metropolitana e algum resquício de espaço não domesticado no ambiente urbano?
É com essa inquietação que surgem os primeiros estudos para construir a nova sede do Senac de Pituba.
Contrariando o primeiro intuito de construir a fachada principal paralela a avenida, o edifício se implanta perpendicularmente à via, como forma de continuar permitindo o fluxo visual entre esta e o talude da parte posterior do terreno. Além disso, esse tipo de implantação favorece o afastamento das fachadas de maior uso do contato intenso com os ruídos diários do trânsito.
Em via dupla, como decisão mas também como resultante dessa implantação, no coração desse projeto encontra-se o pátio central, que se revela como um espaço de interação e convergência. O auditório, localizado no térreo, se constrói de forma autônoma ao edifício: tanto em volumetria quanto em materialidade e estrutura. Desta forma, este espaço central se apresenta como uma grande praça rebaixada que encontra continuidade visual com a elevação topográfica.
Pensando na ocupação da edificação, foi importante que a movimentação dentro dele enquanto espaço coletivo não se desse apenas no nível térreo, ou até mesmo no mezanino, mas seguisse por todo o corpo vertical.
O átrio foi então desenhado como grande caixa cênica, onde, além do auditório poder se abrir para os dois lados em dias de espetáculo, o mezanino também atua como um possível palco. Desta forma, as passarelas mais que função de permitir circulação entre as duas lâminas edificadas, aqui funcionam como possíveis arquibancadas, aos moldes do conhecido Teatro Oficina.
Em termos de impacto ambiental, toda materialidade foi escolhida em prol de entender a responsabilidade da construção civil em relação à crise climática. As áreas construídas com concreto armado foram reduzidas ao máximo possível, a saber: subsolos Até piso do mezanino. A partir dos pilares deste espaço de uso comum, a edificação toda é feita com madeira engenheirada, o que proporciona impacto negativo na pegada de carbono.
Não apenas pela construção, mas pela experiência e legado no acúmulo de conhecimento para promoção de futuras obras de interesse público, o Auditório foi projetado para ser construído com taipa de pilão. Como a área construída é relativamente pequena e sua complexidade reduzida, acredita-se que construir esta primeira experiência de construção com terra a partir de uma obra de interesse público, possa ser um pequeno passo dentro da grande necessidade de pensar a transição ecológica das construções.
MATERIALIDADE:
A proposta estrutural para o projeto está pautada no uso consciente do concreto e na redução de pegada de carbono na construção civil, hoje responsável por pelo menos 8% da emissão de CO2 na atmosfera.
A decisão por utilizar madeira possui como premissas a sustentabilidade, leveza e estética do material e a agilidade da montagem da estrutura uma vez que o sistema é pré-manufaturado. Nosso intuito é fazer com que uma edificação de caráter público e de tamanha visibilidade possa ser vitrine para a utilização deste método construtivo em maior escala no território brasileiro e fazer do Senac não apenas um exemplo de instituição que promove o desenvolvimento do país como também se coloca como precursor no modus operandi em suas sedes inovadores, tornando sua arquitetura reflexo de seu propósito enquanto instituição.
Nesse sentido, o projeto se estrutura a partir de uma base de concreto, que conforma as contenções do subsolo e o sútil corte no terreno e sustenta a estrutura de madeira que se inicia a partir do segundo pavimento até a cobertura das duas lâminas que abrigam o programa.
A implantação perpendicular à avenida e a separação do programa em duas lâminas programáticas cria um átrio monumental, um foyer público, que dará identidade ao conjunto. Como coroamento, a lona tensionada translucida, escultórica e funcional, conforma a cobertura dessa praça e cria um microclima lúdico para o complexo. Ela ajudará na proteção solar e na captação de águas pluviais para reaproveitamento
Ficha técnica:
Arquitetura: Caio Guaraná, João Pedro Pina, Larissa Monteiro, Miguel Angel Carrasco
Visualização: Mino Works